10 livros que mudaram meus filtros

Desafiada pela minha ex co-orientadora, eis 10 livros que li, escolhidos porque mudaram meus filtros.

(em construção)


Pollyanna Moça (Eleanor H. Porter)

O jogo do contente. Nem sempre existe o lado positivo das coisas, sabemos disso. A fome, o preconceito, a violência e a pobreza, por exemplo, qual lado positivo? Não tem. Mas dá pra enxergar a parte cheia do copo nas situações do dia a dia, complexas e que envolvem muitos fatores.

Enxergue todo o copo, ressalte a parte cheia e lute pela parte vazia. A parte cheia é um fôlego que você toma pra preencher a vazia.

Eis a lição pessoal desse livro, que li quando adolescente e me conduziu pra outro olhar.


O Povo Brasileiro (Darcy Ribeiro)

Imagem de Livro - O Povo Brasileiro

 

“Nada é mais continuado ao longo desses cinco séculos do que essa classe dirigente exógena e infiel a seu povo. (Gastam) gentes e matas, bichos e coisas para lucrar, acabam com as florestas mais portentosas da terra”.

Qualquer semelhança com o presente não é pura coincidência.

Ambientalmente somos os mais ricos do planeta (por enquanto). Artisticamente fazemos bonito. Mas socialmente e economicamente… tsc tsc tsc. Nesse caminho, precisamos (re)conhecer nossa história.

E essa obra deveria virar museu e série, sério.

Por exemplo, você sabia que...

Quem enraizou a língua portuguesa foram os negros africanos? O “sinhô” do engenho comprava pessoas de diferentes tribos e dialetos pra dificultar a comunicação entre elas. Então elas aprenderam a língua do capataz: o português.

Só 20 europeias solteiras desembarcaram aqui (20!) nos primeiros 60 anos de exploração. É da índia o ventre do início do Brasil.

Os jesuítas vieram pra curar a “vida pagã do sexo sem culpa”. Muitos deram sua vida para dissolver conflitos e foram solidários. A tantos outros lhes faltou empatia ou coragem.

Agora imagine-se na seguinte situação… Capturado aos 15 anos, algemado e transportado em condições subanimais. Se sobreviver, será avaliado pelos dentes e grossura dos punhos. Se comprado, você trabalhará até ser completamente gasto, com uns 25 anos. Depois você é substituído por outra pessoa comprada, como um par de chinelos caros.

“Sem amor de ninguém, sem família, sem sexo (…), sem nenhuma identificação possível com ninguém (…)”. Seu destino era morrer de estafa.

Mansos? Ah tá. Palmares, por exemplo, chegou a reunir 20% da população negra em 1700 e foi derrubado depois de muita luta. Se isso não é resistência, então a terra é plana mesmo.

E quando o sistema açucareiro entrou em falência? Filho de negro foi vendido pras mineradoras. Filho de “sinhô”? Virou acionista. Igualdade de oportunidades e mérito, não.

Depois da “liberdade”, o negro sem terra e sem dinheiro entrou no sistema de escravidão do mercado capitalista que existe até hoje: trabalhar pra pagar suas contas e mal ter o que comer e vestir.

A partir do momento em que nos apropriamos da nossa própria história, como agir para migrar da terra do oportunismo para a terra da oportunidade que garanta bem estar social a todes?


À sombra desta mangueira

(Paulo Freire e Ana Maria Freire)

livros

 

Ahhh.. a esperança. Aquela que nunca pode faltar na mesa nem no olhar. Mas não a esperança vazia de ação, que espera, apenas, pelo milagre acontecer. É aquela que nos move. Porque o futuro não está dado, é eterna construção a partir do que fazemos no presente. E a partir da práxis vamos mudando ele: refletir e agir em loop. Sempre dialogando, incluindo dentro da sala de aula (virtual tb). A curiosidade é outra linda que não deve ser tolhida. É ela quem também estimula a criatividade para construirmos um presente diferente.

Qual é o seu cantinho da reflexão? Paulo Freire com saudades de sua terra Recife durante o exílio relembra de suas reflexões de infância à sombra de sua mangueira. O meu costuma ser um pôr do sol. Com água então ❤

Ele também fala sobre a educação libertadora, segregação das esquerdas: achar a unidade entre os diferentes conciliáveis; importância da política no nosso dia, papel político das comunidades, pensamento crítico… Livro organizado por Ana Maria Freire pós-vida de Paulo.

Presente compartilhado com Bryan, ao qual desafio a publicar sobre 10 livros. Aproveito e estendo o desafio para Paula (rs).

Um coração especial a todos os meus amigos que vem espalhando esperança e fazendo a diferença nas suas profissões ou em suas relações sociais próximas ❤

Mais resenha sobre o livro? https://www.historiasemmim.com.br/2019/08/13/a-sombra-desta-mangueira/

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